domingo, 19 de março de 2017

Carne Fraca: Temer convoca reuniões de emergência


Preocupado com a repercussão internacional negativa da Operação Carne Fraca, o governo do presidente Michel Temer se mobilizou para reduzir o impacto causado pelas revelações de que frigoríficos de grande e pequeno porte pagavam propina para burlar a fiscalização de seus produtos. Foi convocada para este domingo reuniões de última hora com os ministros Blairo Maggi (Agricultura) e Marcos Pereira (Indústria, Comércio Exterior e Serviços) e representantes de empresas do ramo alimentício, cujos nomes ainda não foram divulgados.

Neste sábado, técnicos do Ministério da Agricultura preparam notas oficiais para enviar a embaixadores de diversos países com intuito de dirimir as dúvidas que surgiram a respeito da Carne Fraca, considerada pela Polícia Federal a maior operação da história nacional pelo número de mandados cumpridos e agentes mobilizados.

Entre os frigoríficos citados nas investigações, estão empresas pequenas e locais e gigantes do setor, como a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, e a JBS, da Seara e Friboi, que vendem seus produtos a diversos países. As duas companhias tiveram ontem as unidades vasculhadas pela PF em mandados autorizados pela 14ª Vara Federal de Curitiba e viram as suas ações despencarem na Bolsa de Valores de São Paulo.

As autoridades europeias pediram explicações ao Brasil sobre as apurações da Operação. A porta-voz de Saúde e Segurança Alimentar na Comissão Europeia, Aikaterini Apostola, disse, em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, que Bruxelas está acompanhando as investigações. “Estamos de fato em contato [com o país] e pedindo esclarecimentos da parte das autoridades brasileiras”, afirmou. 

Segundo a Comissão Europeia, o sistema de identificação de eventuais problemas nos alimentos importados não registrou qualquer alteração na carne nacional durante os dois últimos anos. “Até o momento, não registramos nenhuma irregularidade com certificados de saúde relacionados com a carne do Brasil desde 2015”, disse Aikaterini.

Neste sábado, o presidente Michel Temer ainda falará por telefone com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. O Planalto não informou o tema da conversa.

Em nota, a BRF afirmou que “cumpre as normas” e tem “rigorosos processos e controles”, “garantindo a qualidade e segurança dos seus produtos”. “A BRF informa que (…) está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos. A companhia reitera que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A BRF assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garante que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua”, diz o texto, na íntegra. 

Em nota, a JBS reiterou que não houve nenhuma medida judicial contra os seus executivos e que sua sede não foi alvo da Operação. Também afirmou que adota “rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos.

“A ação deflagrada em diversas empresas localizadas em várias regiões do país, ocorreu também em três unidades produtivas da Companhia, sendo duas delas no Paraná e uma em Goiás. Na unidade da Lapa (PR) houve uma medida judicial expedida contra um médico veterinário, funcionário da Companhia, cedido ao Ministério da Agricultura. A JBS e suas subsidiárias atuam em absoluto cumprimento de todas as normas regulatórias em relação à produção e a comercialização de alimentos no país e no exterior e apoia as ações que visam punir o descumprimento de tais normas. 

A JBS no Brasil e no mundo adota rigorosos padrões de qualidade, com sistemas, processos e controles que garantem a segurança alimentar e a qualidade de seus produtos. A companhia destaca ainda que possui diversas certificações emitidas por reconhecidas entidades em todo o mundo que comprovam as boas práticas adotadas na fabricação de seus produtos. A Companhia repudia veementemente qualquer adoção de práticas relacionadas à adulteração de produtos – seja na produção e/ou  comercialização –  e se mantém à disposição das autoridades com o melhor interesse em contribuir com o esclarecimento dos fatos”, diz a nota, na íntegra.

(Com Estadão Conteúdo)

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